Compartilhando até dos porquês que nem eu entendo.


Compartilhando os porquês que nem eu entendo.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O anjo caído.

O relógio soou ás seis e vinte da manhã, era mais um dia horrível em que eu tinha de ir para o colégio e ver as pessoas me olhando com aquela cara de “ah, coitadinha da órfã! Perdeu os pais em um acidente de carro”. Sim, eu sou a pobre órfã, e não aguento mais ser tratada dessa forma. No momento estou morando com minha tia, ela até pode ser legal, mas é tudo tão estranho. E para completar além de viver tendo pesadelos, agora eu estou sonhando com anjos que querem me ajudar...Como se eu acreditasse em anjos! Bom, pelo menos não depois do acidente.
Quando cheguei ao colégio, eu o vi. E ele chamou minha atenção, de repente eu me sentia melhor, e não foi só porque ele era um cara lindo. Seus cabelos eram loiros, cacheados e brilhavam ao sol, ele tinha a pele branca e lisa, seus traços eram perfeitamente simétricos, mas o que mais me chamou a atenção foram seus olhos. Esses eram bem azuis, da cor do mar no qual eu vivia mergulhando com meus amigos, há um tempo atrás, quando eu era feliz.
De repente ele estava vindo em minha direção, e eu “congelei” quando esse falou comigo.
- Oi, meu nome é Gabriel. Você sabe onde fica a sala do 3º? – então ele deu o sorriso mais lindo que eu já vi.
- Ãhn, é a minha sala, eu posso te levar até lá.
- Ótimo, eu odeio ser novato, sabe? Todos ficam te olhando e querendo saber tudo sobre você...
- Pelo menos eles não sabem tudo sobre você – eu disse com medo de ter parecido amarga.
- Ah, então é você a...
- Sim, eu sou a pobre órfã. – disse com um mau humor que não pude esconder.
- Bem, para mim você é apenas a garota mais linda do colégio.
- É, obrigada. – disse corando, apesar de nunca ter sido tímida com garotos.
Então passou toda a manhã e eu não conseguia parar de pensar ou olhar para ele, e só não me sentia mais idiota porque ser boba em relação a garotos era melhor do que ficar pensando na morte dos meus pais e no quanto eu sofria.
Na hora de ir embora, Gabriel ofereceu-se para me acompanhar até em casa e eu aceitei, afinal que perigo havia naquilo...E mesmo que tivesse eu não me importava.
  - Então, acho que você precisa divertir-se um pouco...huum, que tal irmos á praia? Eu adoro ver o mar.
   - Claro! Você vai adorar o mar daqui, é lindo. – falei olhando para seus olhos que combinavam exatamente com o oceano azul e profundo.
   Então nos divertimos bastante lá, e mesmo levando uma bronca da minha tia, por deixá-la preocupada, valeu á pena. Eu finalmente me sentia feliz, porque havia algo nele que me fazia querer viver e esquecer os problemas, como o anjo dos meus sonhos, em quem agora eu acreditava, e era grata. Até que um dia ele chegou para mim e falou sorrindo.
   - Então, vejo que estou cumprindo minha missão.
   - Como assim? Sua missão é me fazer feliz?
   - É, algo do tipo.
 Então ficamos nos olhando e eu o beijei, afinal era óbvio que estava acontecendo algo entre a gente e modéstia a parte, nenhum cara nunca havia recusado meu beijo. Mas ele recusou!
   - Ãhn, eu fiz algo errado? – disse constrangida.
   - Na verdade eu que fiz, deixei você ter uma impressão errada das coisas...
  - Então você não queria que eu o beijasse?
  - Na verdade eu queria e esse é o problema, não era para ser assim.
  - Ok. Não estou entendendo, você não tem namorada, tem?
 - Não, é algo mais complexo que isso...Eu não posso explicar, desculpe.
 Então ele se foi, eu desabei, não entedia nada, só sabia que não suportaria outra vez perder alguém que gostava. E adormeci, sonhei. Acordei assustada, no meu sonho Gabriel era um anjo, não um anjo, era “o anjo”, o que sempre esteve no sonho no qual eu não acreditava, o anjo caído, era ele, e então mesmo com toda a loucura, tudo se encaixava. Eu resolvi ir atrás de Gabriel.
- Gabriel, me fala agora o que está acontecendo.
- O que você faz aqui Meg? Deixe-me em paz.
- Eu até te deixarei em paz, mas só depois de você me contar a verdade, ou então me fazer acreditar em você.
- Olhe, eu já falei que não posso explicar...
- Você é um... anjo, não é?
- O quê? – ele riu, mas era um riso histérico, como se eu tivesse descoberto a verdade.
- É, um anjo, eu sempre sonhava com um anjo caído, antes de você aparecer.
- Meg, isso é loucura!
- Loucura é você me dar um fora de uma hora para outra...
- Você deveria ser menos metida, sabia?
- E você deveria ser um anjo menos perigoso.
- Agora eu sou um anjo perigoso?
- Sim, você sabia que eu estava começando a gostar de você, e não fez nada, pelo contrário. Você gostou, você gosta de mim.
- Ok, chega! Você é esperta, é impossível esconder algo de você. Prepare-se!
Então, ele me contou toda a verdade. Ele era sim o meu anjo caído, ele veio de uma espécie de céu para me ajudar a superar a morte dos meus pais, culpou-se por se deixar envolver com uma humana, logo em uma de suas primeiras missões e disse que havia chegado a hora de voltar. E essa parte me fez gelar.
- Olha Meg, eu não vou mentir, você é uma garota má. – ele disse sério e depois sorriu.
- Eu, má? Por quê? – perguntei confusa, afinal eu sempre havia sido uma boa garota, quase sempre na verdade.
- Eu sempre ria quando me falavam em apaixonar-se por humanos, eu não os achava tão interessantes. Mas aí eu te conheci, vim do céu para te ajudar, mas você que acabou me ajudando.
- Não, você que me ajudou. Você foi um ótimo anjo, fez-me sentir a felicidade de novo.
- Você também me fez sentir feliz, feliz de verdade. Mas eu não posso ficar mais, acho que você já está pronta, já superou.
- Não, não estou. Eu preciso de você. Isso está muito parecido com aquele filme,”A cidade dos anjos” para mim...
- Meg, você sempre consegue ser engraçada, aquilo é só um filme, mesmo alguns anjos falando que pode acontecer...e acontece.
- Não sabia que anjos assistiam a filmes...- disse sussurrando.
- Meg, eu amo você... Por favor, cuide-se, não faça nada de errado, eu estarei sempre por perto.
- Eu também amo você...
Então ele se foi. E os dias foram horríveis, eu só conseguia chorar, logo eu que nunca sofria por garotos, eles sofriam por mim...Bom, ele não era um garoto, era meu anjo.
Eu tentei fazer o que ele pediu, mas não conseguia, eu estava realmente mal, e mesmo assim ele não voltava, até que tive uma ideia.
Sabia que era errado, mas era o único jeito de ficar com ele, e até com meus pais.
Então eu peguei uma caixa cheia de comprimidos e tomei. De repente tudo se apagou.
Quando acordei, percebi que estava em um hospital...então eu estava viva. Que droga, agora eu seria a pobre órfã suicida, sem meu anjo. Que legal.
- Fico feliz que você esteja viva.
- Oh, meu Deus. Agora estou tento alucinações?
- Haha, você não está tendo alucinações, eu estou aqui. Vim para dar uma força quando todos pensarem que você é a “pobre órfã suicida”.
- Ok, você lê pensamentos agora?
- Não, mas sei algumas coisas que você pensa.
- Certo, falando sério! O que você está fazendo aqui?
- Vim por causa da sua tentativa idiota de se matar. O que você estava pensando? Eu te pedi...
- Eu não consegui, ok? Eu não suportei tantos problemas, então pensei que pelo menos ficaria com você e meus pais...
- Não, você só iria para o inferno.
- Então, por que você voltou?
- Bem, como você é uma garota muito má e problemática, meus superiores, acharam que você precisa de proteção especial. Então eu os convenci de que você precisa de mim, de que eu amo você. E, ãhn seus pais me aprovaram. – disse ele sorrindo, mais lindo do que nunca.
- Você viu meus pais? Você está falando sério? Mas como eles deixaram?
- Eu era um anjo, então...
- Era?
- Sim, eu deixei de ser um anjo...Espero que você goste mesmo de mim, que não seja algo como um fetiche por anjos.- então ele riu da sua piada.
- Olha, eu sei que te trouxe vários problemas, mas não precisa deixar de ser um anjo por mim, quer dizer por pena...Eu fico bem, odeio que sintam pena de mim.
- Dá para você me deixar falar? Eu não fiz isso por pena, fiz porque amo você e eles entenderam isso, pelo menos por enquanto, eu sou seu protetor terreno, uma espécie de mais baixo nível de anjo, mas não me importo, eu quero ficar com você.
- Não consigo acreditar nisso... Você vai ficar comigo então?
- É o que estou tentando dizer...Agora eu gostaria de poder retribuir seu beijo, isso é se você não estiver ofendida pelo fora que eu te dei.
- Para um anjo você é muito engraçadinho, não? Haha -disse de forma irônica, foi então que ele me beijou.
 Olha, se todos os anjos beijam assim não sei o que falar, foi a melhor sensação do mundo, sério. E então, eu me senti imensamente feliz, como nunca. E ficamos assim, juntos, transbordando de felicidade, essa que eu não imaginava sentir novamente, até que bom, apareceu-me um anjo caído e tudo mudou, para sempre.

                     Beijo,G. 




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