Compartilhando até dos porquês que nem eu entendo.


Compartilhando os porquês que nem eu entendo.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Era uma vez.

  Era uma vez uma princesa. Mas ela não era igual ás outras princesas, ela não era a mais bonita, nem a mais rica, ela não era perfeita. Era diferente, de um jeito especial. Ela tinha suas próprias idéias e acreditava nelas, não seguia as regras do seu povoado, e isso não era visto de uma boa forma. Essa não gostava da subordinação das mulheres, e nem dos assuntos fúteis que grande parte delas falavam, nem dos casamentos arranjados, porque como toda verdadeira princesa ela queria casar-se por amor, por mais utópico que isso fosse no povoado das aparências, onde tudo era negócios.
    Era uma vez um príncipe. Mas ele não era igual aos outros príncipes, ele era rico, bonito e não era perfeito. Aliás, ele nem era virtuoso, ele era errado, vivia em busca de todos os prazeres que pudesse encontrar. Seus pais o controlavam, impondo valores fúteis, ele agia da forma que bem entendia desde que sua aparência de herdeiro fosse preservada. Seu pai nunca estava presente, traia sua mãe, que vivia enfurnada com as amigas esnobes falando da última jóia que havia ganhado. Ele se sentia vazio, tudo a sua volta parecia ser uma mentira.
  Eles se encontraram. Não veja isso de uma forma romântica, eles se odiaram. Ele estava no seu lugar favorito, seu lugar secreto, lá ela lia, e pensava, e sonhava...Como ele ousava está no lugar DELA? Ela estava no seu lugar, o lugar que só ele conhecia, bem pelo menos era o que ele achava, e ela o viu chegar, não se retirou, continuou lá, sendo insolente.
- O que você está fazendo aqui?
- Provavelmente o mesmo que você.
- Esse é o meu lugar.
- Bem, que eu saiba sua família ainda não comprou esse lugar, então ele não é seu. Aliás, eu venho aqui desde sempre, portanto ele é meu há mais tempo. 
  - Duvido que você venha aqui já mais tempo do que eu...
  - Desde os meus doze anos.
- Eu também... Sendo assim, podemos ficar os dois aqui, e nos divertirmos, quem sabe...
- E Vossa Alteza se mistura com a plebe?
- Bem, eu abro as minhas exceções. E já que estou abrindo para você, me chame de Ed.
- Mas eu não.
- Suas exceções? Então você não se mistura com a realeza? E, caso você não saiba, agora é a hora que você me diz seu nome, a não ser que você prefira que eu te chame de plebéia.
- Meu nome é Elena. E não, eu não me misturo com idiotas.
  E falando isso ela saiu, o deixou sozinho, e era justamente isso que ele queria...Bem, não mais. Por algum motivo ele ficou curioso a respeito dela. Talvez por ter sido desprezado, isso nunca acontecia, talvez por eles terem o mesmo local favorito, e ainda assim não terem se encontrado  nunca, até aquele dia. Ele queria encontrá-la de novo, não sabia ao certo o porquê. Ela era bonita, claro, mas nem tanto assim. Bem, não para quem já havia se divertido com Rebeca, a moça mais linda do povoado, sem falar que era da nobreza, seus pais viviam insistindo para que ele a levasse a sério...Ela era uma ótima companhia para se divertir, mas só para isso. Era boba, fútil, e era uma representação do futuro que seus pais haviam traçado para ele.Ele tinha decidido, iria às montanhas no mesmo horário para encontrar aquela garota novamente.
  Dois dias depois e nada, ele não a havia encontrado, estava chegando lá já desmotivado, mas foi surpreendido do vê-la lendo. Ele adorava ler, não que saísse por ai falando de livros com seus amigos, mas graças ao seu tio que era seu mentor foi incentivando á leitura, era um hábito do qual ele fazia questão de cultivar.
- “Orgulho e Preconceito”? Escolha interessante.
- VOCÊ por acaso já leu?
- Você até me ofende com essa descrença. Não viu no que deu Elizabeth desprezar o Mr. Darcy? Ela se apaixonou por ele.
- Uau, você realmente leu. E, corrigindo: Ele se apaixonou por ela primeiro...e você por acaso está se comparando ao Mr Darcy?
- Esse é o seu ponto de vista. Na minha opinião, ela se apaixonou primeiro mas como foi magoada fez questão de contrariar seus sentimentos. E, por acaso eu estou. Ricos, bonitos, inteligentes...? Não lhe soa familiar?
- Bem, com certeza essa sua tática de falar sobre os sentimentos dos personagens atrairia muitas garotas, mas como as inteligentes não fazem o seu tipo...E, arrogantes, claro.
- É, você mesma acabou de nos comparar. E, quem disse que elas não fazem o meu tipo? Estou conversando com você não estou?
- Hum...tenho que ir, está na minha hora, a plebéia têm coisas de plebéias para fazer. – Falou ruborizada.
- Tá certo. Te vejo amanhã.
- Amanhã?
- É, no nosso lugar. Porque caso você não tenha percebido Elena eu não vou deixar esse lugar, nem você. Temos um impasse... Mas não se preocupe, caso você não tenha percebido sou muito culto, podemos falar de vários livros, e eu até deixo você me insultar de vez em quando.
- Tudo bem, Alteza, quem sou eu para discordar? E, Ed?
- O quê?
- Eu espero mesmo que sua lista de livros seja extensa...Preciso de uma desculpa boa o bastante para me juntar a você. – Falando isso ela saiu, sorrindo, um sorriso sem sarcasmo.
    Ela foi para casa, animada. Ele realmente a havia surpreendido, e por mais que ela não quisesse admitir, estava ansiosa para vê-lo no outro dia. 


                                        Beijo, G. 

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