Compartilhando até dos porquês que nem eu entendo.


Compartilhando os porquês que nem eu entendo.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A verdade entre os sonhos.

  Ela estava em outro lugar, em outro tempo. Usava um vestido lindo, digno de princesa. Era de um marrom acobreado com detalhes dourados, a parte de cima era um corpete e por baixo havia uma anágua, dando volume ao vestido, era como se estivesse no século XVIII, talvez até estivesse. Seu cabelo estava preso em um meio coque, e cachos pesados do seu cabelo castanho-escuro caiam sobre seus ombros, batendo no colar de safira, delicado. Estava em frente a uma mansão, estilo Neoclássico, que parecia preencher o nada no meio de toda aquela floresta escura. Havia carruagens e muitas pessoas por todos os lados, todas estavam indo em direção a mansão. Ela resolveu entrar, só sabia que devia fazê-lo.
  Assim que entrou pode vê-lo, não sabia como explicar, mas simplesmente o viu, ou ele a viu e a atraiu com a força daquele olhar. Ela o conhecia. Ele sorriu, depois de olhá-la por alguns segundo e caminhou em sua direção.
- Que bom que você chegou, estava lhe esperando. Me daria a honra dessa dança? É a tradição.
- Mas não tem nenhuma música tocando...- E antes que ela pudesse pensar a música começou a tocar, e ela conhecia aquela música, já a havia dançando antes. De repente ela foi tirada de seus devaneios por ele sorrindo e estendendo a mão, e caminharam para o salão.
 Tinha algo de conhecido naqueles passos, ela simplesmente sabia o que fazer. E a noite assim se estendeu, eles conversavam, tinha algo de misterioso nele mas ela o reconhecia.
- Você está deslumbrante, caso não seja óbvio.
- Obrigada...Esse lugar que é deslumbrante, todas essas pinturas, e arquitetura...
- É, você adora vir aqui. Só não ganha do seu lugar favorito na cidade.
- Meu lugar favorito na cidade? Como você sabe, Victor?
- Da mesma forma que você sabe meu nome sem eu tê-lo dito.
  E ela foi pega pela surpresa de saber que era verdade, tudo era estranhamente familiar, como uma lembrança que ela havia guardado nas profundezas e agora não conseguia se lembrar, apenas alguns detalhes no seu inconsciente. E mais uma vez foi tirada de seus devaneios. Dessa vez havia chegado Ian, e mais uma vez ela simplesmente só soube seu nome, e ficou nervosa ao vê-lo. Diferente de quando viu Victor, ele a transmitiu uma calma, tudo nele era tão iluminado, sua pele dourada, da mesma forma que seus cabelos, seus olhos...Mas Ian era diferente, tudo nele era escuridão, como um príncipe das trevas, lindo, sedutor e perigoso. Sua pele era absurdamente clara, contrastando com os cabelos absurdamente pretos, e por fim aqueles olhos, ela os conhecia, era quase como se eles falassem algo para ela, olhos penetrantes, azuis, cor de safira. E nisso ele simplesmente a puxou, não de uma forma delicada, de uma forma íntima e não verdadeiramente agressiva.
- Ian, afaste-se dela. Ela não quer mais falar com você...
- Você não sabe o que ela quer! Elena você precisa sair daqui comigo, por favor...Precisamos conversar.
- Eu não sei o que está acontecendo, não entendo. Preciso ficar só.
- Eu irei te explicar, por favor, só fale comigo. – E a olhou com aqueles olhos meio que suplicando, meio que ordenando. E ela simplesmente disse...
- Vamos.
- Elena você não tem que ir...
- Tenho sim, Victor.
   E eles saíram, ela simplesmente se deixou guiar, ela não era do tipo que se deixava levar, mas ela conhecia o caminho e sabia que devia segui-lo.
- Eu não consigo lembrar, eu não entendo o que está acontecendo. É como se estivesse no meu subconsciente, mas eu não consigo lembrar...
- Eu sei, e tem um motivo para isso, eu irei te explicar tudo, você só precisa ir a um lugar...
- O quê? Meu lugar preferido da cidade?
- O nosso lugar! Você lembra?
- Victor falou algo sobre isso...
- Você falou pra ele?
- Não lembro. Não sei.
- Eu não posso acreditar, por que você fez isso? Eu pedi que confiasse em mim...Vamos, temos que chegar lá! – Ele havia ficado alterado, ela estava começando a se sentir assustada e parou de andar.
- Acho melhor voltarmos para o baile...
- O quê? Você está com medo de MIM? Olha eu sei que agi de forma bruta mas fiz o que tinha que ser feito, tinha que te proteger...
- Eu não quero ser protegida! Quero entender o que está acontecendo, estou cansada de vê-los brigando quando não sei nem quem eu sou, ou melhor, quem vocês são...
- Tenho algo que pode te fazer lembrar antes de chegarmos ao nosso lugar...
- O quê... – E antes que ela pudesse concluir a frase ele a beijou. De forma intensa, e era como se eles realmente se conhecessem há muito tempo. Sua mãos a puxaram para cada vez mais perto, ele pegava com força na sua nuca, e ela própria estava se deixando levar, agarrando seus cabelos, só sentia seu hálito quente, e o fluxo intenso que havia entre eles. Mas de repente teve medo, não sabia ao certo o porquê, e o soltou, e correu. Nem sabia o porquê de estar correndo, várias imagens vinham a sua mente.
- Elena, espere!
  Ela acordou. Simples assim. Em sua cama, no seu quarto, com todos os murais com fotos de amigos, seus CDs, filmes, tudo do jeito que estava. Ok, havia sido um sonho, pensava. Mas algo nela sabia que era real. Tudo aquilo, mesmo sem entender, havia algo ali. E era real. 

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