Compartilhando até dos porquês que nem eu entendo.


Compartilhando os porquês que nem eu entendo.

segunda-feira, 5 de março de 2012

O esperado inesperado.

  Ela havia pegado o metrô atrasada, era a audição para a peça da sua vida, e ela havia se atrasado. Ok, ela não havia conseguido dormir, isso até ás 4:30 da manhã, até que seu corpo finalmente cedeu ao cansaço e ela dormiu, e se não fosse a ligação de sua mãe não teria acordado á tempo, aquela droga de despertador não servia pra nada. E agora ela estava correndo, mal pôde fazer seu ritual e se vestir decentemente, como havia planejado. Ela tinha mania de planejar. Já havia planejado que algo inacreditável iria acontecer naquelas férias, era a sua chance.
  Ele soube do teste no dia anterior, e resolveu arriscar. Ele, ao contrário dela, não gostava de se programar, gostava de ser livre, de fazer o que tinha vontade, e cá entre nós aquele teste parecia uma boa oportunidade, imagina só nem os pais acreditavam nele, achavam que aquela viagem para estudar no exterior era só vadiagem, e de certa forma essa era a metade do motivo dele ter ido, a outra metade era acreditar que algo inacreditável iria acontecer. E esse teste parecia ser o tal algo inacreditável.
O metrô estava lotado, só havia um lugar para sentar, perto de um cara ouvindo música nos seus fones, imerso. Ela pigarreou, como se ele fosse escutar, e então teve que cutucá-lo. Sentou e ficou revisando o texto, se bem que era meio difícil com aquele som alto. Será possível que ele não poderia baixar o volume?
- Ei, será que você pode baixar um pouco esse volume?
- Você não gosta de The Killers? Olha, isso não é normal.
- Não é isso, é so que eu preciso revisar esse texto para a minha audição e The Killers não é a melhor trilha sonora para isso...
- Ah, depende do que é sua audição, e você parece muito estressada, vamos eu te empresto um fone...
- Olha, eu agradeço a sua tentativa de ajudar, mas esse teste é importante para mim, eu não posso perder tempo e...- Ele simplesmente puxou seu texto.
- Ah, ótimo! Vamos fazer o mesmo teste. Só que não pelo mesmo personagem como é de se prever. – Ele falou sorrindo, calmamente. Como ele estava calmo?
- Sério? Bem, certamente esse teste não tem a mesma importância para você... Você está tão calmo!
- Sabe, às vezes faz bem relaxar, você tá muito estressadinha.
- É porque eu me importo!
- Olha, as coisas não acontecem ao acaso, não adianta forçar algo para que aconteça, simplesmente acontece.
- Ah, lá vem você com a história do famoso destino. As coisas não caem do céu, querido.  Além do mais o que teria de bom em eu ter acordado tarde e atrasada para a audição?
- Só poderei te responder isso no final do dia. E tenho uma proposta para você. Vamos ensaiar o texto, por coincidência ou não, nossos personagens fazem pares, e depois vamos nos divertir do meu jeito, sem você reclamar de nada. Veremos quem está em uma situação melhor.
- E por que eu faria isso com um estranho?
- Bem, porque se não o fizer você irá parecer uma covarde com medo de descobrir que eu estou certo, mas se você prefere assim...
- Certo, trato feito. – E eles apertaram as mãos com um brilho de rivalidade e emoção no ar.
  O dia passou, mais rápido do que normalmente teria sido entre dois estranhos. Eles ensaiaram o teste, e foram bem. Mesmo. Agora era só esperar. Realmente o esforço dela tinha gerado bons extras no talento dele, a diversão dele acalmou o nervosismo dela, dando espaço para seu esforço. E, depois da audição eles andaram pela cidade e se divertiram como nunca. Tomaram sorvete, descobriram lugares lindos, sem rota, sem pensar, deram susto em outros turistas, correram, como se fossem loucos, loucos felizes. E a noite havia chegado. E eles olhavam a noite estrelada refletida no lago.
 -E então o que você tem a me dizer?
- Bem, acho que ganharemos aqueles papéis. Haha
- É, fomos ótimos, acabamos com todos eles. Haha Formamos uma boa dupla... Prometo que irei me esforçar mais, realmente nosso ensaio me ajudou.
- É, uma ótima dupla. Garanto que você também me ajudou, estava certo sobre relaxar mais e curti.
- No final cada um aprendeu algo com o outro, né?
- Com certeza. Eu nunca me diverti tanto! Você ficou a cara daquele casal quando demos um susto neles? Só faltava os policiais terem ido atrás da gente.
- Ah vai, isso seria bem emocionante. Haha
- Ok, chega de emoções por hoje, eu estou morta, não tenho coragem nem de pegar o metrô. E minha mãe deve está louca me ligando... Imagina como ela vai adorar saber que passei o dia com um estranho!
- Ah, eu não sou mais um estranho, vai!
-É, você tem razão. É só uma péssima influência. Haha
- Se você quiser ir eu te deixo em casa...
- Não, eu quero ficar.
- Tenho sua resposta.
- O quê?
- Sobre qual o motivo bom de você ter acordado tarde e se atrasado.
- Estou ouvindo.
- Eu. A gente ter se encontrado.
-É, admito. Você tem razão.
  E ficaram ali, olhando aquele céu, e ambos pensando na mesma coisa, e eles sabiam disso mesmo sem as palavras serem ditas, o algo inacreditável foi eles terem se encontrado, no meio de tantas pessoas, por causa de um atraso, por causa de uma decisão, eles haviam se encontrado, e aquela era a surpresa inacreditável que eles haviam esperado sem saber.

                                             Beijo,G.


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