Compartilhando até dos porquês que nem eu entendo.


Compartilhando os porquês que nem eu entendo.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

E sim, você veio.

Eles se conheceram no show do Metro Station. Era uma loucura só, estavam tocando Wish We Were Older, e ele derrubou refrigerante com vodka nela. Ela gritou, e reclamou que havia comprado a roupa especialmente para o show e agora estava cheirando á vodka. Ele ficou se perguntando o que uma fresca daquela estava fazendo no show, mas ele a achou tão linda que depois de uma pequena discussão se desculpou e ofereceu pagar uma bebida. Ela cedeu e aceitou uma coca, tinha algo nele que a chamou a atenção, apesar de também tê-lo achado meio irritante. E assim acabaram conversando a noite toda e cantando, e gritando, e se beijando. Muito. Eles tinham uma sintonia, ou química, como você preferir, muito boa. Ele pegou seu número, mas roubaram sua carteira e o número foi junto. E tentou achá-la, mas não conseguiu. E ela o odiou por não ligar, mas fingiu não ligar, claro. Orgulho era seu segundo nome. Mas o destino é mesmo impressionante, quando ele quer uma coisa ela há de acontecer.
Se encontraram no meio do shopping, ele a viu subindo a escada rolante, e correu como um louco para alcançá-la. Ela não quis conversar, até ele a convencer do assalto, ela era cabeça dura. Depois disso pegaram uma sessão de cinema, foram á livraria, e tomaram sorvete de casquinha. A partir daí não pararam de se ver, eles eram um paradoxo de tentas semelhanças e diferenças. Se divertiam muito, mas também brigavam demais. Jogavam guitarhero, assistiam filmes juntos pelo telefone, faziam duelos de karaokê, faziam guerra de cócegas, e ela o fazia dançar suas músicas preferidas no meio do shopping. Brigavam que nem gato e rato e depois faziam as pazes, e essa parte era muito boa, a raiva meio que era usada como afrodisíaco. Ele amava seu nome ser Kelsey, sua personalidade forte, sua espontaneidade, sua aura de alegria, sua inteligência, sua fidelidade, e até o fato dela ser mimada e implicante, orgulhosa com um coração enorme. Ela amava seu bom gosto, em tudo, seu talento como escritor e como músico, suas contradições, seu jeito bobo, seu sorriso, e o fato dele esconder sua sensibilidade, e o fato de ser um meninão do coração enorme, embora não saísse mostrando por ai, ela amava o jeito que se sentia quando estava com ele, e o amava até quando ele a irritava e era um idiota. Eles eram estranhamente perfeitos um para o outro, eles se completavam.
Ele a pediu em casamento no show do Metro Station, cantando “Kelsey” no palco. Ela enlouqueceu de felicidade. Eles nunca deixaram de ser aquele casal, até porque eles eram mais do que um casal, eles eram amigos, eles eram companheiros, eles pertenciam um ao outro, simplesmente por se amarem, sem pressão nenhuma. Aquilo era amor. Simples e puro, um fazendo loucuras pelo outro, estando juntos em todos os momentos, fazendo loucuras juntos, brigando, fazendo as pazes, perdoando, se beijando na chuva após brigarem, estando juntos em qualquer lugar, se amando em qualquer lugar. Amor era ver a forma que eles se olhavam, após tanto tempo juntos, a forma como se divertiam juntos, a forma como se sentiam por simplesmente estarem um perto do outro.
    Beijo,G.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Sete - Parte 2.


- Oi.
- Oi.
- Você não sabe o que eu achei hoje. Sabe aquela nossa foto no seu aniversário?
- Aquela que eu estou de princesa e você de príncipe? Sério?
- Sim! Achei que não a tinha mais, e acabei achando mexendo em umas coisas antigas. Até trouxe pra você ver.
- Foi um dos melhores dias da minha vida! Eu ainda tenho o anel que você me deu...
- Sério? Eu pensei que você nem lembrava mais...
- Eu lembro de tudo...
- Foram bons tempos.
- É, tirando a parte das piadinhas, exclusões e claro, o chiclete no meu cabelo.
- Ah, é verdade. Mas eu prefiro não lembrar dessa parte.
- É, eu percebi.
- Não entendi.
- Eu ia falar “deixa pra lá”, mas quer saber Dan, vou perguntar, porque apesar de todos esses anos eu me sinto a mesma com você, então lá vai: Você e a Júlia, sério?
- Bem, isso...Na verdade eu estava até estranhando você não ter perguntado.
- Ok, em qualquer convenção mundial de beleza vocês seriam o casal perfeito, mas só isso que eu vejo. Eu sei bem quem você era, e ainda parece ser, gosta de livros, e de nadar de madrugada desde pequeno, e de músicas alternativas, você era o único que tinha aquele gosto excêntrico, graças ao seu pai, e você não fazia algo só por ser uma convenção, então me explica, só isso que eu peço...
- Na verdade você tá certa em várias coisas, a Júlia não tem nada a ver comigo, mas as coisas acontecem...Você não estava aqui em uma certa fase da minha vida...
- A puberdade?
- Haha.Eu deveria imaginar que quando mais velha sua língua ficaria mais afiada. Olha, eu comecei a ficar com ela só por...vontade? E apesar de tudo ela é divertida, e faz coisas que me deixam feliz, não sei explicar, então simplesmente aconteceu...
- Ah, claro, entendi.
- Annie...
- Não, você não me deve satisfação, só era curiosidade, enfim...quem sou eu? Nós passamos sete anos sem se falar, isso tudo é bobagem.
- Não é bobagem. Você é uma das pessoas com quem eu me sinto mais a vontade no mundo, apesar de todo esse tempo, você me entende. Livros, músicas, e mesmo no que somos diferentes nós temos sobre o que falar, e você é uma das poucas que sabe sobre o problema dos meus pais...então não, não é bobagem.
- Dan, eu tenho que ir. Depois nos falamos.
- Sério? Ele te disso tudo isso? – Gabriela parecia a mesma de sete anos atrás, dando pequenos pulinhos, e balançando a cabeça de empolgação.
- Sim, ele disse. Mas não da forma que você tá pensando. Está claro o que ele disse, ele gosta de mim, sou a amiguinha dele, como sempre fui e sempre vou ser. Ela é a namorada,Gabriela.
- Claro que não! Ele gosta de você! O que está claro é: Ele como um macho alfa tem suas necessidades, e a sirigaita da Júlia está suprindo suas necessidades. Mas ele gosta mesmo de você, ele só deve está com medo, e precisa de um empurrão para enxergar seus sentimentos...
- Ele já podia ter me dito, ele não disse, nem vai dizer. Quer dizer, é pra ela que ele diz o que eu queria que ele me dissesse. Não quero ficar presa nisso. E o pior é que eu tenho que conversar com ele todo dia, sem saber o que há, fingindo que não há nada.
- Tem calma, ok? Vai dar tudo certo. Deu ente mim e o Felipe. Vai dar entre vocês. Lembra? Somos princesas, e no fim tudo vai dar certo.
- É, tudo dará certo...
E, assim os dias passaram, e todos eles pareciam ser o mesmo, tirando o fato de suas esperanças diminuírem, quer dizer onde ela estava com a cabeça, não estava com a cabeça, o coração idiota tinha mania de querer assumir a situação, achando que ele poderia está apaixonado por ela? Ele namorava outra, e isso não havia mudado, aliás, a única coisa que mudou é que as coisas ficaram meio estranhas entre eles. Ótimo. Ela estava cansada daquilo, e o baile de formatura estava chegando, ela sempre sonhara com esse baile, ok, ele não seria como ela havia sonhado, mas era seu baile, e ninguém iria estragar, ela lutaria para ser o melhor possível, podia parecer bobagem, mas era seu sonho desde os oito anos.
“O baile está chegando! Você está preparada, A? - G”
“Estou, você é a única que viu parte dos preparativos. Haha - A”
“Você estará uma verdadeira rainha! Quero só ver a cara da Júlia! Duvido que ela consiga está mais linda, com aquela alma podre dela. E o Dan...seria tão mais lindo você indo com ele...- G”
“Estou imaginando isso. Me chamem de vingativa. Haha É, mas ele fez sua escolha. - A”
“Ainda há tempo para mudá-la. Vocês tem se falado? - G”
“Sim, até está menos esquisito. Mas não sei se isso é o melhor para mim. Tê-lo por perto é bom e ruim... - Enfim, pelo menos uma de nós vai com o cara certo. - A”
Era uma sexta de manhã, e havia chegado por correios um envelope cor de bronze com um brasão! Havia um papel antigo, com letras finas em tinta preta, e dizia: “Você estava certa. Sobre várias coisas, até sobre o que não disse. Mas no baile eu quero falar para você, sobre tudo, sobre o que eu sei, e acho que sempre soube, mas fui cego ou covarde demais para ver. Ainda posso te convidar para ser meu par? Você ainda me deve uma dança, lembra? – D”
Ela não conseguia acreditar naquilo,o convite, do jeito que ela imaginara, do jeito que sempre contara, há tento tempo atrás...Parece que Gabriela estava certa, afinal tudo acaba dando certo, tudo acaba sendo do jeito que é para ser, “seus sonhos irão acontecer, não da forma exata que você imaginou,planejou, mas melhor ainda, de um jeito mais surpreendente”, sua mãe sempre dizia.
Havia chegado O dia. O som estava nas alturas tocando “Animal” e nem assim abafava aquelas borboletas no estômago, era bom e ruim, e excitante, não era só uma festa, era onde tudo finalmente aconteceria, onde tudo finalmente daria certo. O vestido, as jóias, o cabelo, a maquiagem, os sapatos, tudo estava pronto. Era a hora.
Ela estava tão linda entrando no salão, parecia uma princesa, os cachos caindo sobre os ombros, o vestido rosa tomara que caia mostrava sua pele branca realçada com um colar de rubi, e os olhos cor de avelã brilhavam mais do que nunca, piscando os olhinhos com os cílios enormes, parecendo uma fada, era tão mágica. Annie o viu, ele sorria, e aquele sorriso era seu preferido em todo o mundo. Parecia um príncipe, de smoking, os olhos pareciam ainda mais azuis com os reflexos das luzes, e esses reflexos também batiam em seus cabelos com um brilho prateado, ele nem parecia real. Mas era. Mais real do que tudo. A forma como um conhecia o outro era a melhor coisa desse mundo. E era real.
- Oi
- Oi. Você está linda.
- Obrigada. Você também.
- Então, achou meu convite muito careta?
- Eu não acredito que você lembrou! Nós tínhamos quantos anos? Dez?
- Acho que por aí...
- Achei incrível.
- Você está incrível, se não é óbvio.
- Oh, eu amo essa música...
- Eu sei. – E assim estendeu a mão que ela pegou e dançaram,conversaram,sorriram, e se beijaram a noite toda.
Estava tudo perfeito, até aquele segundo. Ela havia ido ao banheiro, e Daniel foi pegar o ponche, mas quando ela voltou não foi isso que viu. Vii aqueles malditos cabelos loiros emaranhados á ele, com as mãos na sua nunca, ela não podia acreditar. Ele a soltou, a empurrou, e antes que pudesse falar qualquer coisa a viu, os olhos brilhando, mas não do mesmo brilho do início da festa, ele correu atrás dela.
- Me larga! Não acredito que acreditei em você, achei que te conhecia...
- Você me conhece! Eu escolhi você, eu sempre vou escolher você.
- Não parecia isso...
- Ela quis conversar comigo e me beijou, pode parecer mentira de tão clichê que é, mas ela me beijou. Eu não sinto mais nada por ela...
- Eu preciso ir...
E foi. E ele ficou. A vida insiste em surpreender, e nem sempre de uma boa forma. Mas seu sapato ficou, aquelas coisas não aconteciam na vida real...na verdade podiam sim acontecer, e ele usaria isso ao seu favor.
Segunda – feira.
- Eu não acredito nisso, Annie...Mas e se ele tiver mesmo falado a verdade? Você sabe como a Júlia é.
- Eu realmente não sei o que pensar, sinceramente... Estou muito confusa, Gabriela.
- Você viu que ele a largou, pode ser verdade. Além do que, a vida pode ser como um filme... Ou um conto de fadas!
- Do que você tá falando?
- Olhe.
Ele estava lá, vestido igual na noite de sexta, no meio do colégio, levando o sapato que ela estupidamente havia deixado cair na correria para fugir daquele aperto no coração, da fúria e das lágrimas, não queria chorar na frente de ninguém.
- Oi.
- Mas o que é isso?
- Eu estou aqui, no meio do colégio, vestido que nem um idiota, só para fazer você acreditar em mim. Estou tentado fazer com que seus sonhos se realizem. Porque eu só quero te ver feliz, ninguém me conhece igual á você, eu não quero mais errar. Eu vou fazer tudo para ficar com você, tudo que eu já tive antes parece uma mentira agora que eu tenho você na minha vida. Eu te amo, Annie.
- Daniel...eu não acredito que você tá fazendo isso, eu...você sempre ridicularizou essas coisas...Eu...
- Eu posso esperar o tempo que for para você ver que estou falando a verdade.
- Espera! Eu acredito em você, eu conheço você, e ninguém me conhece tão bem. Eu só quero ficar com você, para sempre, por mais brega que seja falar isso...Eu não sei se sou boas nessas coisas, por mais que eu fale em contos de fadas, eu nunca me apaixonei, só por você, desde sempre. É, eu também te amo.
E se beijaram como se todo o mundo parasse naquele momento, o momento que nunca iria acabar, o momento que parece baboseira até finalmente ter acontecido. 
              Ps. Peço desculpa pela ausência no blog, tive um problema com a internet (obrigada,oi) e fiquei sem ter como postar, espero que tenham sentido minha falta. rs
            Beijos, G.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Eu vou contar até três, e eu vou mover a moeda.

 Polônia. Auge do nazismo e campos de concentração bombando (literalmente). Erik Lehnsherr acaba de ver a mãe ser levada por oficiais nazistas e destrói o imenso portão de ferro que os separa. Apenas com o poder da mente...
Vai.  O cara controla metal. Vocês sabem de quem eu estou falando.
Erik é o futuro Magneto.  E o filme é X-Men First Class.
Então. Estava lá o Erik distorcendo o portão até levar uma bordoada na cabeça e acordar na sala de Sebastian Shaw, chefão daquele campo e pesquisador de mutantes nas horas vagas - sim, queridos, muito antes dos X-Men e do professor X, já tinha gente de olho neles. Shaw queria apenas que Erik movesse a moeda que estava sob sua mesa e para incentivá-lo, ordenou que os soldados trouxessem sua mamãe e disse que se ele não movesse a moeda, ele atiraria na doce senhora:
- Eu vou contar até três, e você vai mover e moeda...
Difícil é acreditar que o cara não conseguiu mexer a moedinha. E aí vocês já sabem, a tia dançou e levou um baita de um tiro. Mas para a surpresa de Shaw e dos soldados, o rapaz ficou invocado, saiu distorcendo tudo quanto era de metal na sala, virou cadeira, mesa, porta, trinco da porta, fechadura da porta, parafuso da porta, chaveiro da porta, pesinho de papel da porta, plaquinha de identificação (da porta? Não, dos oficiais!) e apertou o capacete de ferro dos caras até a dor ser insuportável de um jeito que acabou por matá-los.
E o Shaw? Ficou assistindo tudo morto de satisfeito por ter descoberto que liberava o poder do Erik deixando ele com raiva. E aí vocês me perguntam porque o Erik não mexeu um prego contra o Shaw, já que ele que atirou na mamãe...
Ué. Porque aí não teria história.
Erik foge do campo de concentração e jura vingança contra seu “criador”. Cresce determinado a achá-lo e movido pela raiva – muita raiva - acaba por encontrar sua possível localização. Acontece que, alertado pela agente da CIA, doutora Moira McTaggert, o professor Charles Xavier, especialista em mutações genéticas também encontra Shaw. Enquanto ele e  Erik nem faziam ideia da existência um do outro, o destino (ou se preferir, o autor da história, Stan Lee) se encarregava de fazê-los se encontrarem: um buscando vingança e o outro, buscando respostas e tentando evitar uma guerra mundial.
Sim, uma guerra mundial. Shaw, que depois de muitos anos continuava jovem e bonitinho por causa do seu poder de absorver energia, havia se aliado a outros mutantes: Emma Frost (aquela loirinha que é telepata e fica com a pele de diamantes), Azazel (igualzinho ao Noturno, só que vermelho) e um outro que teve uma participação tão descartável no filme que nem nome deram pra ele. Articulando seus poderes e os poderes dos seus mandados, Shaw convenceu grandes líderes a investirem a economia de seus países em armamento nuclear, depois começou a incitar a guerra entre ambas as partes.
Mas esse propósito maligno e doentio do Shaw, os nossos mocinhos Erik e Charles descobrem só depois. Antes disso dá tempo os dois se conhecerem, se desentenderem, se entenderem de novo, encontrarem outros mutantes, treiná-los, aprenderem a controlar seus próprios poderes – tio Xavier e Erik protagonizam uma cena linda onde o professor o ajuda a usar seus poderes sem sentir raiva, rolam até umas lágrimas – enfim, aquele monte de coisa gostosa que quem lê quadrinhos teve que esperar meses pra saber enquanto a revista não saía.
Deu que chegamos ao finalzinho do filme com dois times: a galerinha do mal e os já assim intitulados X-Men. Destaque especial para o Alex Summers, irmão do Scott (Cyclope) que ainda nem existia, dr. Hank McCoy (o Fera) e a Raven (Mística), que cunhou o nome do grupo e dos supers Professor X e Magneto. Porrada vai, porrada vem, a briga é realmente muito boa mas nós estamos é com pressa de saber logo o final da história, por isso já ponho o Erik de frente com o Shaw numa sala revestida com o mesmo diamante da pele da Emma, que bloqueia a telepatia do professor. Depois de um belíssimo discurso-que-vilão-sempre-faz-antes-de-matar-a-vítima, Erik tira aquela velha moedinha do bolso:
- Eu vou contar até três, e eu vou mover a moeda.
E move mesmo. Bem no meio da cabeça do Shaw. A moeda sai perfurando o crânio do cara em câmera lenta e se você for sensível a emoções em filmes que nem eu, dá até pra sentir a dor dele.
Chegamos ao marco histórico do universo dos X-Men: o professor e  Erik têm seu primeiro enfrentamento ideológico que resulta na divisão das equipes, e num tiro acidental que deixa o professor paralítico. Acontece que Xavier queria a igualdade entre humanos e mutantes, e Magneto acreditava e queria a superioridade deles. Daí pra frente cada um segue o seu rumo e deixa a gente morrendo de vontade de rever os filmes, reler as histórias e saber o que aconteceu depois.
Aline Cavalcante.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sete - Parte 1.

Annie tinha dez anos e era uma garotinha muito especial, inteligente, engraçada, autêntica e generosa, mas ela não se encaixava nos padrões de beleza de suas colegas de sala, não era magrinha dos cabelos dourados e olhos verdes como Júlia, nem tinha os cachos negros e olhos azuis de Nicole, era gordinha, o cabelo rebelde acobreado, com sardas, os óculos grandes escondiam seus olhos penetrantes cor de avelã. Ela era bonita, mas não do jeito que todas as outras eram, não estava nos padrões, e essa superficialidade parecia contar mais do que todo o resto, mesmo entre crianças de dez anos. Seus amigos eram seus livros, Gabriela e Daniel. Gabriela era uma menininha muito fofa, muito branca contratando com os cabelos negros, e com super bochechas, era a queridinha da sala e mesmo assim aquela pequena já tinha personalidade suficiente para saber como agir. Daniel era uma das crianças mais lindas do mundo, o cabelo muito preto, os olhos muito azuis, e a boca vermelinha, todos babam por ele, adultos e as outras crianças. E mesmo assim ele era muito amigo de Annie, eles brincavam juntos, liam juntos, e conversavam que nem gente grande, eram inseparáveis... bem, pelo menos até o ano acabar.
Sete anos se passaram, e como é de se esperar da vida muito mudou. As menininhas malvadinhas de dez anos não se contentaram com a exclusão e a bullying aplicada á Annie, vendo que esta não se importava, estava muito bem com seus livros, o afeto dos professores, e de seus dois únicos amigos. Em um dia que se parecia com outro qualquer colocaram chiclete no seu cabelo, fato que gerou conseqüências que foram além de um novo corte de cabelo, onde Annie teve que cortá-lo no tronco e saiu da escola. As garotas foram suspensas, fingiram arrependimento, sim, fingiram, porque agora sete anos depois elas estavam piores. E viviam por ai atormentando outras pessoas. Mas nem tudo permaneceu igual nesse tempo.
Ela estava linda. Deixou de ser aquela garotinha gordinha, no lugar disso tinha curvas, os cabelos acobreados rebeldes agora eram vivos e com lindos cachos grossos, somente os penetrantes olhos cor de avelã não haviam mudado, porém agora eles não se escondiam mais. Annie estava de volta e todos perceberam isso.
- Gabriela?
- Annie? Não acredito que é você! Só reconheci pelos olhos, você está tão diferente...
- Ah, não exagere! Só perde uns quilos, ainda sou a mesma.
- Não acredito que você voltou! Acho que os anos em Londres lhe fez bem.
- Ah, Londres é maravilhosa! Você viu umas fotos que cheguei a te mandar?
- Claro, adorava quando você mandava...Não entendi porque parou.
- Ah, eu precisava me ausentar completamente daqui, das lembranças...
- E por que voltou?
- Bem, acho que eu me senti preparada, quis ver como as coisas estão...e não gostei da forma como as coisas terminaram. – e deu um sorriso com algo entre o diabólico e o ingênuo. Então, conte-me como estão as coisas.
Gabriela e Annie pareciam nunca terem parado de se falar. Parece que aquilo sobre verdadeiras amizades não se modificarem com a distância era verdade. E parecia também que nada havia mudado desde aquela época, apesar das diferenças que sete anos devem trazer. Oh, não. Algo que mudara chamará sua atenção. Daniel. Ele era um dos únicos que parecia ser diferente, ele era seu amigo quando ela era feia e gorda, mas agora ele namorava com Júlia, a pior de todas! E com certeza ela não havia mudado, e não era seu rancor falando, Gabriela havia dito.
- Annie?  - Era ele. Seu Dan. Seu amigo de infância, com quem ela partilhava tudo, ela nunca havia contado á ninguém mas tinha uma paixonite por ele, ela sempre achou que isso era algo que todos secretamente e intimamente sabiam, e que quando crescessem ficariam juntos, parecia bobo agora mas nem por isso menos real. Ah, e ele estava mais lindo do que nunca.
- Oi. – Ela não sabia o que dizer com aqueles olhos azuis igual ao oceano pacífico, e ela sempre sabia o que dizer.
- Então, você está mudada, juro que fiquei com medo de vir falar com você e você não ser você.
- Ah, é? E como você soube que eu era eu?
- Seus olhos, claro. Eu nunca iria esquecê-los.
- Mesmo depois de tanto tempo?
- Annie, a gente não esquece as coisas importantes.
E eles ficaram se olhando, simplesmente se olhando, e era tão bom. Até  Júlia chegar, fuzilando-a com o olhar.
- Oh, Annie, pensei que você não voltaria mais...Sabe o que dizem, né? Não é bom voltar ao local onde sofreu algo e bla bla bla, algo assim.
- Ah, não se preocupe, eu supero as coisas, aliás faz tanto tempo, né? Eu não sou mais a mesma, nem você deve ser uma criança malvadinha que fazia coisas idiotas.
- Ah,claro, claro, bom saber. – E na verdade sua vontade era responder ‘’Sou muito pior, querida!”mas Daniel estava lá e ela tinha que manter a compostura. – Legal você ter perdido uns quilos, e aprendeu a cuidar dos cabelos, não é? Mas dá para ver que continua a mesminha!
- Sim, aprendi muitas coisas, mas graças a Deus continuo a mesma.
- Então, Daniel agora que já cumprimentou sua coleguinha de infância, vamos? Tenho algo para você.
- Ér...claro. Depois nos vemos Annie.
“A Júlia está morrendo de ciúmes de você! Viu a reação dela quando o Daniel estava falando contigo? G”
Ah sim, sms era uma forma muito boa de se comunicar.
“Ela está pior ainda. Mas eu só não entendo o porquê de ele está com ela. Ela é uma vadia. Ele mudou tanto assim? A”
“Pior que não! Ele continua super legal, mas foi sugado pela força negra. Haha Sabe como é a J sabe como puxá-lo, e não tinha ninguém como (você) para trazê-lo para o lado dos mocinhos. G”
“Ah, então ele é só um babaca influenciável, na verdade é bem clichê. A”
“Ah, dê um pouco de crédito á ele, vai! G”
Ela não queria dar crédito á ele, mas era meio que contra sua natureza não dar crédito as pessoas, principalmente quando a pessoa tinha o olhar mais penetrante e o sorriso torto mais lindo do mundo. É, era difícil não dar crédito nas circunstâncias de ele continuar o mesmo, ou se preferir está ainda melhor, e perguntar como foi seu dia e conversar com você por horas. Sim, seria ótimo tirando um pequeno detalhe. Júlia. Ela chamava e ele acabava indo, por deus ele era o quê, cego, influenciável, ingênuo... ou estava fazendo-a de idiota?


                                             Beijo,G.

sábado, 7 de abril de 2012

"Espelho, Espelho Meu"


Assim que eu soube que haveria dois filmes com versões da Snow White fiquei desmaiando, enlouquecendo, dando pulinhos de alegria, não só por eu amar contos de fada, como pela Branca linda de Neve ser uma das minhas favoritas (EU SOU ELA. BJS RS), e claro não poderia perder a estréia de “Espelho, Espelho Meu”, assisti o filme hoje e vim correndo lhes contar o que achei.
O filme começa com a rainha má falando sobre a Branca de Neve, mas aquele típico começo, exaltando sua beleza é cortado pelo sarcasmo da rainha despeitada (sim, o filme já começa te arrancando uma gargalhada). Ele segue uma linha parecida com o filme original, a garota meiga e doce que perdeu o pai, e vivi nas garras da madrasta má, até que seguindo o conselho de uma empregada visita seu reino e ver como este está destruído graças à rainha, e assim toma uma decisão, ir ao baile escondida e falar com a possível salvação para seu reino, o príncipe, cujo a rainha também está interessada. Nesse baile eles se reencontram, o primeiro encontro acontece de uma forma bem engraçada, e se apaixonam...Mas quando Branca de Neve ameaça a rainha a enfurecendo de vez, e vai parar na floresta, daquele jeito, com os anõezinhos.
Ai você me pergunta, onde está a diferença? A aventura (e as diferenças) vai começar agora! Os anões não são os típicos anões, são ladrões! (Mas eles são bonzinhos, ok? Assistam ao filme, não quero falar, escrever demais), Snow não é a típica donzela em apuros, ela se torna uma guerreira para defender seu povo, o caso de amor ganha uma apimentada com a rivalidade entre o príncipe e a princesa, entre muitas outras mudanças originais e divertidas, pois sim, o filme é super divertido! Todas as atuações foram maravilhosas, os personagens super apaixonantes, eu realmente fiquei louca pelos anões, eles vão te fazer morrer de rir, adorei a nova versão da princesa, mais moderna, destemida, mas sem perder o jeitinho de princesa, o casal também me agradou bastante, a química e o jeito que as coisas acontecem, sem tanta baboseira e mimimi, bem mais emocionante, e a rainha, esplêndida, Julia Roberts!
Ah, uma pequena curiosidade, amei o fato de um dos anões se chamar Grimm (intertextualidade linda!), e outra coisa, quando forem assistir vejam até os fim, eu pelo menos amo ver os créditos, o que acontece com os personagens depois, muito fofo. Enfim, eu super recomendo, você vai rir demais, vai sentir a adrenalina e vai suspirar (ok, meninos relevem essa parte. Rs) Então é isso, lindos. ASSISTAM! 
                              Beijo,G.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A fada e a bailarina.

      Sexta feira santa. Ou sexta feira da paixão? Feriado, pronto. Feriado.
                Feriado. Uns meses sem frequentar a casa da querida tia Renata. Não muitos, mas suficientes pra nos deixar morrendo de saudade uma da outra. Tinha que ser naquela sexta, porque a gente já estava no limite. Mais um diazinho e a gente não aguentava, ia explodir de saudade e ia ter que andar por aí com um buracão no coração com a saudade escorrendo sem parar. E não ia ter garrafa no mundo que desse conta da saudade escorrendo, ia vazar e sair molhando todo chão que a gente pisasse, toda cama que a gente deitasse...
                Mas aí a gente se encontrou. Finalmente. O buracão da saudade nas últimas, quase arrebentando, até que eu vi aquele sorrisão e ele se aquietou. E eu vi a Carol, e eu vi a Juju. E a casa, a piscina, a varanda, o vento. E as conversas, as risadas, a cumplicidade. E o violão. E a Ingrid, de só cinco aninhos, que pegou o violão. E como se a tarde não estivesse poética o suficiente, ela achou de tocar o violão, muito maior do que ela, umas notas perdidas como só uma criança de cinco anos seria capaz de fazer. Mas era uma melodia tão agradável que, acreditem, ainda ecoa na minha cabeça. Era carregada de lindas palavrinhas soltas, aparentemente sem ligação umas com as outras, e cantada com uma vozinha que era um mel de tão doce. Posta no papel talvez até perca um pouco do encanto. Mas a lembrança continua viva – e encantadíssima – na minha mente. Era mais ou menos assim:
                "Linda princesinha
        Bate palma pra casar
        Dança com a caixinha de música
        A tia Aline era a fada
        E eu era a bailarina..."

Aline Cavalcante.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

...

Ele ficava parado olhando para a porta esperando ela entrar, pensando em tudo que eles haviam vivido menos antes de começarem a viver. A forma como eles se conheceram, tão ao acaso, e mesmo assim ele sentiu algo diferente quando ela sorriu, e a cada dia que a conhecia mais, e a conhecia de verdade, não só o que ela mostrava, mas aquilo que estava escondido entre suas grades de proteção. Ele ia se apaixonando, sem fazer a menor ideia de que o estava fazendo. Ele gostava de todo aquele contraste existente nela, de como ela era meiga, e de como era implicante, é, ela sabia ser os dois. Gostava de suas neuras, se preocupando com o futuro e gostava da forma como entrava em êxtase falando de tudo que gostava de tudo que acreditava. E agora ele estava lá só esperando ela vir, mas ela não vinha. Se ele quisesse teria que fazê-lo.
“Sinto sua falta. Quero conversar” dizia a mensagem. Mas afinal eles já não haviam conversado tudo o que tinham para conversar? A relação deles havia acabado, ela não queria mas tinha que aceitar. Então por que ele não a deixava ir? Ele ficava enlouquecendo a mente dela, fazendo se lembrar de todas as brincadeiras, de todos os momentos lindos que a faziam se sentir como em um filme, de quando ele assistia seus filmes favoritos só para fazê-la feliz, e de como a ouviu falando com empolgação de sua série favorita sorrindo, adorando toda aquela falação que a maioria dos homens detestaria. Mas droga, não era essa a parte da qual ela tinha que lembrar! Lembraria de como ele a havia trocado, de como ele recuou ao invés de continuar vivendo tudo aquilo, e depois disso ela procurava aceitar de que ele não gostava dela o suficiente, e assim passaram dias, meses, semanas, até o dia 5 de Abril com aquela maldita mensagem.
- O que você ainda quer comigo, Henrique?
- Eu só precisava de te ver. Te ver de verdade, porque na realidade eu tenho te visto todo dia, devo está enlouquecendo.
- Você é um idiota! Deve mesmo está enlouquecendo... Você que quis por fim a isso, lembra? E o tempo leva as coisas, por que você resolveu trazer de volta? Quer tira a paz que ainda tenho?
- Eu não tenho mais minha paz. Eu não sabia que isso tudo era tão forte. Devo ser um desses idiotas clichês que precisam perder para perceber.
- Ou você é só um idiota mimado que não suporta perder algo que achou que era seu. Isso é doentio e me deixa doente também!
- Não precisa fazer tanto drama. Ou melhor: faça, eu descobri que senti falta disso na minha vida, seu drama, seus sorrisos, suas crises, seus ciúmes que você teimava em esconder. Sinto falta de como você é metódica, e de como sempre tem uma resposta pra tudo, sinto falta da sua alegria contagiante, da sua doçura e contrastantemente das suas grosserias. Eu sinto falta de tudo, Marina! Eu só quero passar à tarde com você vendo como seu rosto se ilumina assistindo seus filmes favoritos, e de como você é maluca ao ponto de correr no meio do shopping sem de importar com as pessoas. Ninguém me faz sentir desse jeito, eu achei que faziam, na verdade eu demorei a perceber, mas agora eu sei!
- Isso de você sempre saber o que dizer me prendeu feito uma louca á ti, mesmo quando eu não queria. E continua fazendo o mesmo efeito...Você nunca me falou algo assim, nunca foi tão claro.
- Eu sei, eu sempre tive medo acho, sempre tive que está por cima, nunca me ligar de verdade á alguém. Todas as outras garotas que eu já achei ter amado parecem um nada agora que eu sei o que sei.
- E o que você sabe?
- Eu sei que quero assistir “Bonequinha de Luxo” contigo só porque é seu filme favorito e eu gosto do jeito que você sorrir quando o assiste, eu sei que quero te ouvir defendendo as coisas nas quais você acredita, eu sei que quero ver suas pastas com suas músicas favoritas, com as nossas músicas, eu sei que quero sair correndo contigo no meio dos lugares rindo do resto do mundo, eu sei que quero segurar sua mão nos seus melhores dias e nos piores. E eu sei que nunca fui assim com ninguém, nem com quem um dia eu achei que era amor. Eu sei que...eu sei que eu te amo.
Ele finalmente havia falado tudo o que queria, e à medida que as palavras iam saindo da sua boca ele via como elas eram reais. Ela estava paralisada, não acreditava em tudo aquilo que ele havia dito, não só porque era tudo que ela sempre quis ouvir, mas por ser dita por quem ela quis que as tivesse dito. Ele a beijou de uma forma nada delicada, e era ótimo, era o que ela precisava, os resquícios de raiva juntamente com a paixão deixaram tudo mais intenso. Todos os outros beijos de outros caras eram uma nuvem distante, todo o mundo era uma nuvem distante. Eles não precisavam mais jogar, nem ter medo, eles estavam juntos e longe de todo o mundo


                                   Beijo,G.