- Você também acha incrível a vista daqui?
- Parece que você é o dono do mundo. Ou, pelo menos da cidade.
- Eu sempre quis ter um lugar meu, para fugir quando o mundo desabasse,
ou apenas para pensar. Ás vezes acho que penso demais. E, mesmo assim não é o
suficiente, na hora de sentir eu acabo fazendo besteira.
- Acho que eu nunca penso demais, na hora eu ajo por impulso e pronto,
mas daí faço muita besteira.
- Se pensando demais você faz besteira, e não pensando demais também, o
que devemos fazer?
- Nada. Fazer besteira. Se arrepender. Ou não. Aprender.
- Eu sou espontânea, dizem. Não consigo ouvir o que penso. Quer dizer,
eu penso, penso, mas só consigo sentir o que sinto. Não consigo ficar no meio
termo das coisas, é sempre demais, sabe?
- Não. Sempre é de menos. Eu fiz uma parede para não sentir mais, pra
não doer mais, e agora eu só não consigo mais...sentir, digo.
- Nós podíamos aprender um com o outro.
- Já estamos aprendendo, eu não costumo sair por ai falando dessas
coisas.
- É bom não é? Pode falar dessas coisas, que você não imagina dividir.
- Sim, é realmente bom. É como ser livre e gritar daqui de cima.
- Então vamos fazer isso! Gritar daqui de cima! O MUNDO É NOSSO!
- Você é meio maluca, você sabe né?
- Isso é uma crítica ou um elogio?
- Uma constatação...um elogio.
- Bem, pessoas muito normais são enfadonhas. Tenho essa teoria. Sempre
saber o que o outro vai fazer, pensar o mesmo que todos, é chato, extremamente
chato.
- Sim, acho que você tem razão. Por exemplo, se eu te beijar agora vou
está sendo surpreendente.
- Não vai não, na verdade, esse é o passo esperado de um cara sentado no
meio da madrugada em uma sacada com uma desconhecida.
- Uma íntima desconhecida!
- Seria surpreendente agora, sabe o quê? Dançarmos! Eu sempre quis fazer
algo assim.
- Já não fizeram isso em algum filme? Isso não torna o diferente clichê?
- Boa resposta. Mas, os clichês são necessários, ué. E, é divertido.
Vamos!
- E, depois de dançarmos?
- Depois é depois, a gente tem vê o que acontece depois. Uma parte do
filme de cada vez.
E, assim dançaram a noite toda, os desconhecidos que já eram mais
íntimos do que muitos conhecidos por ai.
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