Compartilhando até dos porquês que nem eu entendo.


Compartilhando os porquês que nem eu entendo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aqueles dias nos quais você fugiu.

Era uma vez uma princesa. Ela foi criada a vida toda para seguir esse destino, e sempre o quis, desde pequena admirando a coroa da mãe, desde pequena adorada pelo povo, com todo o destino traçado aos seus pés. Mas, ser uma princesa não é fácil como mostram boa parte dos contos de fada. Com o passar dos anos a magia foi se esvaindo e a pressão para ser perfeita aumentando, a boa garota cansando de ser boa assim. Qualquer erro era visto por uma lupa de aumento, qualquer erro tinha grandes consequências. O carinho do povo era sincero, e uma das melhores recompensas. Mas, a ambição em torno da coroa trazia invejosos e interesseiros, sabia de poucos verdadeiros ali. E, o amor simples e puro das historinhas com certeza ficava só na historinhas, o destino era casar por conveniência, fora os canalhas interesseiros que a cercavam. Um dia tudo aquilo explodiu, como se as cortinas caíssem no meio daquela encenação.
- O que você quer dizer com isso?
- Ora, não se faça de desentendido! Há muito tempo que nosso casamento é uma farsa, aliás, deve ter sido desde o começo...Mas, me trair assim, na cara de todo o reino! Olhe a humilhação que você me fez passar! E, nossa filha? Você não pensa nela?
- Não se faça de vítima, você também é culpada...Depois que eu te der uma nova joia você esquecerá! E, não meta Ana nisso, aliás, ela anda meio rebelde, você não sabe ensinar sua filha a se comportar?
- Agora você acha que eu me vendo, é isso? Você que é um péssimo pai! Qual exemplo de casamento você quer que ela tenha?
- Bem, você se casou comigo por um acordo que seu pai fez, sua família falida, esqueceu? Não me venha com essa...
Ela só correu, não podia mais ouvir, tudo no qual ela sempre acreditou, tudo que a tornara quem era estava desabando. Primeiro, descobrira a falsa amiga que sua prima era, e descobriu isso da melhor maneira possível, a pegou na cama dando uns amassos com seu futuro noivo, isso mesmo. E, o que sua mãe havia dito? “Não ligue para isso, ela é só um brinquedo, é com você que ele vai casar, e melhor partido não encontrará” Isso era coisa que se falasse? E, agora isso. Os pais. A farsa. Ela havia sido tão cega. O que restava agora? Algumas poucas pessoas que ela tinha certeza da amizade e do caráter. O resto? Quem poderia dizer? Ela precisava ir embora. Pensava no seu povo, mas nem isso conseguia ser motivo suficiente. Seus sonhos, sempre foram tudo pra ela. Mas, agora eles haviam desmoronado. “Em meio aos problemas não fuja, enfrente-os, de cabeça erguida, não deixe de acreditar, esse é o seu destino”, dizia o pai. Qual significado isso tinha agora? Antes que se desse conta havia pegue suas coisas, o mais importante, deixado uma carta e partido. Ela sabia para onde ir.
- Sophie, o que você tá fazendo aqui? E, com todas essas coisas...vamos, entre, você tá com uma cara...
- Ana, ninguém do reino pode saber que eu estou aqui, tá? Por favor, não conte que eu irei te explicar tudo.
E, assim Sophie contou tudo. Ana era uma das suas únicas confidentes, desde que Sophie a ajudara quando havia sido humilhada pela sua prima, elas haviam sido tornado grandes amigas. Ana era leal, e isso era tudo que Sophie precisava agora. Elas passaram o dia fora, havia uma taverna afastada do reino, era rústica, diferente do que Sophie conhecia, e talvez por isso mesmo bem mais divertida.
- Então, você tá gostando? Não é muito seu estilo é?
- Bem, definitivamente é diferente, ou seja, é tudo que estou precisando agora.
- Então, a princesa se rebelou? Ana, você influenciou a realeza com sua rebeldia, que feio. – disse Victor, era o irmão mais velho de Ana. Era bem bonito, apesar de ser o oposto do que os pais queriam para as filhas, por ser do tipo rebelde e desleixado, sem falar nas brigas com uns caras da corte, entre eles Henrique, seu ex quase namorado. O que agora quase a tornava sua fã.
- Você contou pra ele?
- Como você acha que vai se manter escondida aqui sem a minha ajuda? Ana pode ser rebelde para os seus padrões, mas o gênio aqui sou eu. Haha
- Ai meu Deus, Victor, cala a boca! Ana apesar da arrogância, precisamos do meu irmão. Ninguém vai te achar com a ajuda dele.
- E, por que eu devo confiar nele?
- Nossa, princesa, desde quando você é tão desconfiada?
- Não é da sua conta, e pare de me chamar assim, alguém pode ouvir.
- Olha, eu sei o que você já fez pela minha irmã, e apesar dela ser bem irritante, é a minha irmãzinha. Então, eu tenho uma dívida de gratidão com você.
- Certo. Eu preciso de um tempo longe mesmo. De tudo.
- Vamos fazer algo que faça você parar de pensar.
- Ah, se eu soubesse de algo que me faz parar de pensar já o teria feito.
- Sophie, você é plebeia agora, faça o que tem vontade de fazer. Vamos, me diga algo.
- Eu já sei o que quero fazer. – E, como em um impulso involuntário, ela subiu no “palco” da taverna, e começou a cantar, aquilo parecia dá certo, e realmente ninguém sabia quem era ela. Era bom ser outra pessoa.
- Você foi ótimo, Sophie! Depois dessa, como uma boa amiga que sou, irei cantar também. Vamos continuar o show.
- Vai lá, Ana!
- Sabe, eu pensava que as princesas tinham voz de anjo ou algo assim...
- E, quem é que é princesa aqui?
- Você tá mesmo chateada com essa história de ser princesa, não é? É ruim assim?
- Não, tem o lado bom, e foi tudo que eu sempre quis por muito tempo. Mas, a minha ideia de ser uma princesa era muito mágica, e o mundo não é assim. Toda a cortina que me escondia a realidade caiu, e eu não quero mais viver nesse mundo de ilusões.
- Foram tantas assim?
- Sim, foram. Posso te dar a lista depois. Sabe, quando se é uma princesa você sente que tem que ser sempre perfeita, há tanto peso... Eu sempre tenho que acreditar, e eu sempre adorei isso. Mas, agora...parece besteira.
- Bem, eu como meu bom estereótipo de rebelde manda, nunca gostei muito dos nobres, mas sempre a vi como uma boa princesa, boa demais, todos adoram você, você sempre faz o que é certo...
- Nem sempre, e quando eu não faço as consequências são enormes. Ás vezes cansa ser a garota boazinha, ás vezes parece que não há uma recompensa.
- Bem, deve ter. E, todos precisamos acreditar em algo.
- Bem, no momento eu não estou podendo muito.
- Não tem problema, na hora certa você vai. Na verdade, não se preocupa com isso, não pense em nada, só viva.
- Sim, vamos brindar a minha nova vida. Eu preciso disso. Ser a minha outra eu para descobrir a verdade sobre quem eu sou, e sobre o que eu acredito.
- Belas palavras, Sophie. Bem, tenho outra ideia de algo que a outra você não teria feito.
- O quê?
- Dançar comigo.
- Bem, isso não é verdade. Mas, eu não preciso de mais problemas agora, e você me cheira á problemas.
- Você é praticamente uma princesa fugida, e provavelmente a garota mais complicada daqui no momento, acho que o problema aqui é você. Mas, eu não ligo. É só uma dança, não seja arrogante, vamos.
- Bem, se você quer tanto dançar com alguém problemática e destruída como eu, o prejuízo é todo seu.
Ele só sorriu. Era divertido dançar, e não pensar, pensar a algum tempo havia se tornado tão cansativo. Fazer coisas para se sentir viva, viver sua outra eu, era tudo que ela queria agora, quem disse que fugir não tem suas vantagens?
                             Beijo, G. 

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