Compartilhando até dos porquês que nem eu entendo.


Compartilhando os porquês que nem eu entendo.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Sete - Parte 1.

Annie tinha dez anos e era uma garotinha muito especial, inteligente, engraçada, autêntica e generosa, mas ela não se encaixava nos padrões de beleza de suas colegas de sala, não era magrinha dos cabelos dourados e olhos verdes como Júlia, nem tinha os cachos negros e olhos azuis de Nicole, era gordinha, o cabelo rebelde acobreado, com sardas, os óculos grandes escondiam seus olhos penetrantes cor de avelã. Ela era bonita, mas não do jeito que todas as outras eram, não estava nos padrões, e essa superficialidade parecia contar mais do que todo o resto, mesmo entre crianças de dez anos. Seus amigos eram seus livros, Gabriela e Daniel. Gabriela era uma menininha muito fofa, muito branca contratando com os cabelos negros, e com super bochechas, era a queridinha da sala e mesmo assim aquela pequena já tinha personalidade suficiente para saber como agir. Daniel era uma das crianças mais lindas do mundo, o cabelo muito preto, os olhos muito azuis, e a boca vermelinha, todos babam por ele, adultos e as outras crianças. E mesmo assim ele era muito amigo de Annie, eles brincavam juntos, liam juntos, e conversavam que nem gente grande, eram inseparáveis... bem, pelo menos até o ano acabar.
Sete anos se passaram, e como é de se esperar da vida muito mudou. As menininhas malvadinhas de dez anos não se contentaram com a exclusão e a bullying aplicada á Annie, vendo que esta não se importava, estava muito bem com seus livros, o afeto dos professores, e de seus dois únicos amigos. Em um dia que se parecia com outro qualquer colocaram chiclete no seu cabelo, fato que gerou conseqüências que foram além de um novo corte de cabelo, onde Annie teve que cortá-lo no tronco e saiu da escola. As garotas foram suspensas, fingiram arrependimento, sim, fingiram, porque agora sete anos depois elas estavam piores. E viviam por ai atormentando outras pessoas. Mas nem tudo permaneceu igual nesse tempo.
Ela estava linda. Deixou de ser aquela garotinha gordinha, no lugar disso tinha curvas, os cabelos acobreados rebeldes agora eram vivos e com lindos cachos grossos, somente os penetrantes olhos cor de avelã não haviam mudado, porém agora eles não se escondiam mais. Annie estava de volta e todos perceberam isso.
- Gabriela?
- Annie? Não acredito que é você! Só reconheci pelos olhos, você está tão diferente...
- Ah, não exagere! Só perde uns quilos, ainda sou a mesma.
- Não acredito que você voltou! Acho que os anos em Londres lhe fez bem.
- Ah, Londres é maravilhosa! Você viu umas fotos que cheguei a te mandar?
- Claro, adorava quando você mandava...Não entendi porque parou.
- Ah, eu precisava me ausentar completamente daqui, das lembranças...
- E por que voltou?
- Bem, acho que eu me senti preparada, quis ver como as coisas estão...e não gostei da forma como as coisas terminaram. – e deu um sorriso com algo entre o diabólico e o ingênuo. Então, conte-me como estão as coisas.
Gabriela e Annie pareciam nunca terem parado de se falar. Parece que aquilo sobre verdadeiras amizades não se modificarem com a distância era verdade. E parecia também que nada havia mudado desde aquela época, apesar das diferenças que sete anos devem trazer. Oh, não. Algo que mudara chamará sua atenção. Daniel. Ele era um dos únicos que parecia ser diferente, ele era seu amigo quando ela era feia e gorda, mas agora ele namorava com Júlia, a pior de todas! E com certeza ela não havia mudado, e não era seu rancor falando, Gabriela havia dito.
- Annie?  - Era ele. Seu Dan. Seu amigo de infância, com quem ela partilhava tudo, ela nunca havia contado á ninguém mas tinha uma paixonite por ele, ela sempre achou que isso era algo que todos secretamente e intimamente sabiam, e que quando crescessem ficariam juntos, parecia bobo agora mas nem por isso menos real. Ah, e ele estava mais lindo do que nunca.
- Oi. – Ela não sabia o que dizer com aqueles olhos azuis igual ao oceano pacífico, e ela sempre sabia o que dizer.
- Então, você está mudada, juro que fiquei com medo de vir falar com você e você não ser você.
- Ah, é? E como você soube que eu era eu?
- Seus olhos, claro. Eu nunca iria esquecê-los.
- Mesmo depois de tanto tempo?
- Annie, a gente não esquece as coisas importantes.
E eles ficaram se olhando, simplesmente se olhando, e era tão bom. Até  Júlia chegar, fuzilando-a com o olhar.
- Oh, Annie, pensei que você não voltaria mais...Sabe o que dizem, né? Não é bom voltar ao local onde sofreu algo e bla bla bla, algo assim.
- Ah, não se preocupe, eu supero as coisas, aliás faz tanto tempo, né? Eu não sou mais a mesma, nem você deve ser uma criança malvadinha que fazia coisas idiotas.
- Ah,claro, claro, bom saber. – E na verdade sua vontade era responder ‘’Sou muito pior, querida!”mas Daniel estava lá e ela tinha que manter a compostura. – Legal você ter perdido uns quilos, e aprendeu a cuidar dos cabelos, não é? Mas dá para ver que continua a mesminha!
- Sim, aprendi muitas coisas, mas graças a Deus continuo a mesma.
- Então, Daniel agora que já cumprimentou sua coleguinha de infância, vamos? Tenho algo para você.
- Ér...claro. Depois nos vemos Annie.
“A Júlia está morrendo de ciúmes de você! Viu a reação dela quando o Daniel estava falando contigo? G”
Ah sim, sms era uma forma muito boa de se comunicar.
“Ela está pior ainda. Mas eu só não entendo o porquê de ele está com ela. Ela é uma vadia. Ele mudou tanto assim? A”
“Pior que não! Ele continua super legal, mas foi sugado pela força negra. Haha Sabe como é a J sabe como puxá-lo, e não tinha ninguém como (você) para trazê-lo para o lado dos mocinhos. G”
“Ah, então ele é só um babaca influenciável, na verdade é bem clichê. A”
“Ah, dê um pouco de crédito á ele, vai! G”
Ela não queria dar crédito á ele, mas era meio que contra sua natureza não dar crédito as pessoas, principalmente quando a pessoa tinha o olhar mais penetrante e o sorriso torto mais lindo do mundo. É, era difícil não dar crédito nas circunstâncias de ele continuar o mesmo, ou se preferir está ainda melhor, e perguntar como foi seu dia e conversar com você por horas. Sim, seria ótimo tirando um pequeno detalhe. Júlia. Ela chamava e ele acabava indo, por deus ele era o quê, cego, influenciável, ingênuo... ou estava fazendo-a de idiota?


                                             Beijo,G.

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